quarta-feira, 13 de maio de 2015

Sociologia da Educação - 3ª Semana

Sociologia da Educação - 3ª Semana



A função social da escola

A aula abordará os seguintes temas: a extensão da escola na vida das novas gerações; a função da escola ao longo dos séculos; e complexidade social e escola.
Profª. Drª. Ana Maria Klein





Escola - função social essencial à formação dos novos cidadãos - portadora dos saberes selecionados por uma sociedade e de seus valores.

Extensão da escola na vida - crianças e jovens permanecem quatro horas por dia, cinco dias por semana, nove meses por ano e ao menos doze anos de suas vidas.

Extensão social da escola - instituição social pela qual passa (ou deveria passar), obrigatoriamente, toda a população infantil e juvenil. Infelizmente no Brasil ainda não é para todas as crianças e jovens.

Escola - prolonga-se para além do tempo em sala de aula - compreendendo o desenvolvimento de atividades como tarefas, estudo, trabalhos em grupo, laços de amizade que extrapolam os limites físicos da instituição. Seja tarefas da escola até amizades fora da escola.

Os anos escolares marcam a condição social da criança e do jovem, constituindo-se na porção “séria” de suas existências, implicando em compromissos e responsabilidades valorizados socialmente e que transcendem os laços da vida familiar ou comunitária (Enguita, 1989)
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A função da escola ao longo dos séculos.


Historicamente observamos, paulatinamente, a assunção de novas responsabilidades e a extensão da abrangência da escola em nossa sociedade até atingirmos o estágio descrito.

Vila (2007, p 12) destaca, no trabalho de Enguita, três momentos de mudança nas relações entre escola e sociedade, os quais denomina como:

  • Suprageracional -  momento que localiza-se na antiguidade, quando apenas grupos reduzidos compostos por escribas, sacerdotes e demais membros de uma elite necessitavam de educação institucionalizada. Somente para a elite, pois tinha uma função diferenciada. 
A maioria das pessoas era educada pela família e pela comunidade, uma vez que o saber necessário para participar da vida social era passível de ser aprendido através da vida cotidiana. Aprendia o que tinha de aprender com a experiência da vida, o dia a dia.
Temos, portanto, uma escola com pequeno alcance social e destinada apenas a uma elite.

  • Intergeracional - que começa com a Revolução Industrial e transformações sociais a passagem das sociedades agrárias para as industrializadas, o desenvolvimento cientifico e tecnológico, o surgimento da imprensa, a emergência dos estados modernos.
Novas necessidades educacionais: pais, avós, comunidade já não eram mais capazes de transmitir todos os saberes necessários à participação nessa sociedade.

Parte da educação das novas gerações passou a ser desempenhada pela escola.

A extensão da instituição junto à população infantil e jovem ampliou se, mas apenas em nível elementar. Continuidade dos estudos , seleções constantes por meio das provas para passar para outros níveis. Caráter elitista. Então neste momento na história que amplia a necessidade por escolas. Mas ainda é muito difícil a formação acadêmica superior.
  • Intrageracional -  que são transformações aceleradas que afetam a vida das pessoas. Novas gerações incorporam-se a um mundo no qual a informação e o conhecimento assumem um papel cada vez mais decisivo em todas as ordens da vida. É o que acontece atualmente, é cobrado uma constante atualização.
Apenas a formação inicial e centrada na transmissão de conteúdos não é mais capaz de suprir as necessidades educacionais dos indivíduos ao longo das suas vidas, faz-se necessária uma formação mais ampla e adequada às novas demandas da vida contemporanea.


Complexidade social e escola.


Essa periodização, alicerçada nas transformações da sociedade, através das gerações e da extensão da escola, destaca a importância crescente da instituição frente à complexidade social.

A relevância social das instituições depende da sua capacidade para se reorganizarem de acordo com fins a que se propõem. Esse é o atual desafio da escola, muito rápida a atualização, pois quase que os alunos aprendem sozinhos.

Escola e sociedades estáveis, na qual as mudanças se davam muito lentamente e os conhecimentos necessários à vida social mantém-se durante gerações e gerações, a educação institucional era restrita em sua abrangência e se resumia aos saberes específicos, como a leitura e a escrita. Esta sociedade corresponde a geração suprageracional.

À medida que as mudanças sociais se intensificaram, ocorrendo, entre uma geração e outra, a participação na nova ordem passou a demandar capacidades que não podiam mais ser transmitidas apenas pela família e pela comunidade, assim, a instituição escolar foi chamada a esta função em nível elementar, tendo como objetivo a transmissão de saberes como leitura e cálculo, essenciais ao desempenho de novas funções. Isso nada mais é que cada vez mais a importância da escola para dar conta do que é necessário para aprender.
Escola e sociedade em constante mudança, vivemos, atualmente, uma terceira fase, na qual as mudanças sociais se dão no interior de cada geração e os saberes necessários à participação social incluem a capacidade de adaptação a uma ordem pouco estável. As instituições sociais enfrentam o desafio de se adequarem a uma ordem incerta, tornando-se mais aberta e flexíveis. E é muito difícil acompanhar todas as transformações, o acumulo de conhecimento, o montante de informações geradas é enorme.



Conceitos de igualdade, diferença e desigualdade

Esta aula discorrerá sobre os seguintes temas: diferença; desigualdade; igualdade; e o difícil equilíbrio entre igualdade e diferença.
Profª. Drª. Ana Maria Klein


https://www.youtube.com/watch?v=5uPeVxcDpvQ




Diferenças sociais - têm por bases as diferenças naturais ou as diferenças culturais;

Somos diferentes em: etnias, sexos, faixas etárias, religiões, hábitos alimentares, modo de se vestir, modo de viver…

A diferença é uma característica humana e fonte de enriquecimento humano. O modo de ser, estar, pensar e viver passam a ser compreendidos de maneira mais ampla, com mais possibilidades diversas de expressão.

Desigualdade


Desigualdade social - não é criada pela natureza e nem pela cultura, ela é criada pelo ser humano em relações de força, dominação e exploração. Implica em juízo de superioridade e inferioridade entre grupos ou classes sociais.

Mania de achar que um é melhor que o outro. É o juízo de superioridade que acarreta apreciação de estima ou desestima de um grupo em relação ao outro.

Superioridade e inferioridade dão origem a preconceitos e valoração social.

No momento que começamos a ver diferenças raciais fazemos juízo das pessoas, onde ocorre a desigualdade.

Juízos, valoração e desigualdade, o Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, mostra em estudo realizado em 2009 que, apesar do recente crescimento econômico e das políticas destinadas a reduzir as desigualdades, as diferenças salariais relacionadas a gênero e etnia continuam sendo significativas nos países latino-americanos.

As mulheres latino-americanas ganham menos, mesmo que possuam um maior nível de instrução. Por meio de comparação simples dos salários médios, foi constatado que os homens ganham 10% a mais que as mulheres.

Isso mostra a relação de desigual

Privilégios, superioridade ou inferioridade se traduz também no plano jurídico, tal grupo tem tais direitos próprios que são conhecidos como privilégios e outros não tem direitos, é um subgrupo, não pode se igualar aos demais. Por exemplo o art. 295 do Código de processo penal que da privilégio a cadeia especial para uma determinada fatia da população.

Igualdade


Modernidade - tendência de os indivíduos se considerarem fundamentalmente iguais.

Reivindicação de igualdade de oportunidades e de direitos são capazes de reduzir as desigualdades reais.

É um dos valores da Constituição francesa e um grande exemplo.

E a desigualdade no Brasil e muito forte.

Na visão de Tocqueville sobre a igualdade e desigualdade ele diz que na modernidade o próprio sentido da história traduz-se no triunfo da igualdade.

Igualdade como expressão de um princípio: igualdade dos indivíduos a despeito e para além das desigualdades sociais reais. Na modernidade os indivíduos são considerados cada vez mais iguais e que suas desigualdades não podem encontrar justificativas no berço e na tradição. (Dubet, 2001)

Na visão de Marx sobre a igualdade e desigualdade ele diz que as desigualdades de classes são um elemento estrutural das sociedades modernas.

Capitalismo - mecanismo de extração contínua da mais valia a partir do trabalho.

Oposição entre o trabalho e o capital - desigualdades sociais são um elemento funcional do sistema das sociedades modernas. (Dubet, 2001)

Existem aqueles que tem o meio de produção e o outro que tem a força de trabalho, ai um exemplo de desigualdade capitalista.

As classes e as desigualdades de classes explicam a maior parte das condutas sociais e culturais.

Relação entre as classes é a dominação.

O modos de consumo entre as classes são exemplos de desigualdades.

Estado do bem-estar social é o encontro da igualdade democrática com as desigualdades capitalistas engendra a formação de Estado do bem-estar social e de um sistema de proteções e de direitos sociais. É o estado promovendo educação, saúde, programas habitacionais, auxílios a desempregados… é uma maneira de equilibrar a desigualdade social.

O difícil equilíbrio entre igualdade e diferença

“Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.” (Boaventura Souza Santos)





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