sábado, 30 de julho de 2016

FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR

FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR
Prof. Dr. Marcos Neira

AULA 01-FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO ESCOLAR

OBJETIVOS DA DISCIPLINA

• Conhecer e analisar criticamente as principais concepções curriculares;

• Compreender a relevância das políticas curriculares na atualidade;

• Identificar as instâncias que influenciam as políticas curriculares;

• Analisar as concepções de currículo comum,currículo sensível às diferenças e currículo integrado.

Currículo: gênese e transformações

OBJETIVO

• Conhecer e analisar criticamente as principais concepções curriculares

Currículo vem do grego, correr, pista de corrida, trajetória, percurso. Sec XVII

Ao longo do tempo foi pensada de maneira diferente.
·         Sec XVI ao XX -  sociedade em castas e não oferecem ligações entre a elite superior com a inferior. A elite superior cria escola a fim de perpetuar a sua cultura.
Modelo de currículo – programa de curso – ficou conhecido pelos jesuítas como Ratio Studiorum – para perpetuar uma determinada condição de sociedade. Tendência tradicional.
·         Sec XX ao XXI – Sociedade organizada em classes,industrializada, urbanizada, olha para escola atribuindo outra responsabilidade.
Surge a Escola Nova (escolanovista) – representantes (Freinet, Dewey, Montessori, Decroly) –  Pedagogias ativas – ação do aluno para a construção do seu conhecimento.
Manifesto dos pioneiros da educação nova (dec de 20, 30). Defendiam 3 elementos: escola pública, laica e gratuita.
E novas preocupações começam a aparecer como: ensino, aprendizagem, avaliação, método, planejamento, eficácia, objetivos.

AULA 02 -  Currículo: gênese e transformações

OBJETIVO

• Conhecer e analisar criticamente as principais concepções curriculares
Continuando com a aula 1, a sociedade/classe acreditava na escola para transmitir conhecimento para atuar na sociedade.
Depois da segunda guerra mundial, com a corrida espacial, queriam conquistar o espaço e para isso precisavam com conhecimento, ciência...
Nesse momento os EUA contratam psicólogos para estudar o que havia no momento de teoria da aprendizagem e propor um novo currículo escolar.
O trabalho pedagógico era realizado sobre tudo como apoio do livro de didático, professor formado para organizar as atividades de ensino e um conhecimento inquestionável extraído da ciências que deve ser ensinado de maneira gradual. Esse modelo ficou conhecida como pedagogia tecnicista (Bobbit e Tyler).
As ideias de ensino, aprendizagem, avaliação, método, planejamento, eficácia, objetivos, também são observadas no método tecnicista.

Teoria tradicionais do currículo ou de ensino, procuram formar uma pessoa que correspondem o desejo da sociedade. E não leva o aluno a questionar o desenho social, perpetuam a sociedade como ela está.


aula 3 - Currículo: gênese e transformações

OBJETIVO
• Conhecer e analisar criticamente as principais concepções curriculares
Nos anos 60, 70 e 80 tanto no Brasil como fora, houve grandes mudanças novas concepções. (pílula, biquíni,  guerra do Vietnã) e a escola também teve mudanças.
Elaborados pelos  autores como Freire, Althusser, Bourdie, Passeron, Bowles e Gintis, que fizeram uma análise da escola que ficou chamada como escola capitalista.
Crítica: Ideologia, Reprodução, Poder, Classe, Capitalismo.Questionando o currículo escolar . Teoria crítico-reproditivista.
Grande contribuição foi a do prof. Paulo Freire defendia que a compreensão do mundo que era o ponto de partida para a transformação.

No Brasil nos anos 80 assistimos a democratização do acesso à escola, acompanhada de movimentos direta já entre outros, as primeiras iniciativas das mudanças em ciclo, a política de gestão, garantia de um percurso mais suave para toda a população.


aula 4 - Currículo: gênese e transformações

OBJETIVO

• Conhecer e analisar criticamente as principais concepções curriculares
Uma das características da sociedade atual é no formato em rede (não é mais elipse ou piramidal). Nós vivemos em uma sociedade com esse formato graças ao meio de comunicação, a globalização.
A escola passa a ser um lugar privilegiado para alimentar pessoas na lógica do consumo,da quebra de fronteiras, de inserção no mercado e que a todo momento com nova exigência.
  - MERCADO, GLOBALIZAÇÃO,NEOLIBERALISMO
NEOTECNICISTA ESCOLAS APOSTAM NA COMPETÊNCIAS E HABILIDADES (formação mais rápida, uma educação que instrumentaliza o indivíduo)


CULTURA, PÓS-COLONIALISMO,MULTICULTURALISMO, PÓS-MODERNISMO, ESTUDOS CULTURAIS (garantir a matrícula não é suficiente é necessário dar condições para que as pessoas possam frenquentar)
IDENTIDADE, DIFERENÇA,SUBJETIVIDADE, SABER-PODER,GÊNERO, ETNIA
PÓS-CRÍTICA


AULA  5 – O currículo como seleção e organização dos conhecimentos

Objetivo

•Identificar as instâncias que influenciam as políticas curriculares

Contexto estadunidense (Início do séc. XX)

•Industrialização, urbanização e imigração crescentes
•O eficientismo está em alta
• Crença no progresso
• A escola passa a ser vista como meio

Críticas de Dewey à escola tradicional

• Disciplinas fracionadas e assuntos classificados
• Distância do universo infantil
•Substitui dúvidas e questões por verdades
• A criança é vista como ser imaturo

Teoria curricular de Dewey

• Identificar conexões entre a experiência cotidiana da criança e o conhecimento científico
• Interesses devem ser fomentados
• O conhecimento científico é a base da interpretação
• Uma experiência pode levar a novas experiências
• O conhecimento precisa ser psicologizado

AULA  6 - O currículo como seleção e organização dos conhecimentos

Objetivo

•Identificar as instâncias que influenciam as políticas curriculares


Contexto estadunidense (Início do séc. XX)

•Cresce o apelo pela educação pública e vocacional
•John Franklin Bobbitt publica “O Currículo” – inspira-se em Taylor e na máxima de “educar os indivíduos de acordo com as suas capacidades”.

“A escola é uma fábrica, a criança a matéria prima, o adulto ideal o produto, o professor um operacional e o supervisor, o superintendente”
John Franklin Bobbitt

Teoria curricular de Bobbitt

1) Separar a experiência humana e grandes campos
2) Dividir os campos em atividades mais específicas
3) Derivar os objetivos da educação
4) Selecionar aqueles que servem de base para as atividades
5) Expor o tipo de atividades para consecução dos objetivos

Críticas à proposta de Bobbitt

• A vocacionalização do currículo, em função da minimização do crescimento intelectual e moral. É uma proposta redutora e antidemocrática
•É um instrumento para perpetuar e reforçar as lógicas existentes de raça, gênero e classe
•Separa o acadêmico do prático


Aula 7 - O currículo como seleção e organização dos conhecimentos

Objetivo
•Identificar as instâncias que influenciam as políticas curriculares
Contexto estadunidense (Pós-Guerra)

•Guerra fria
• Desenvolvimentismo
• Ampliação do uso das tecnologias

Teoria curricular de Ralph Tyler

Fontes para elaboração curricular:
•Estudar as crianças
• Conhecimento acumulado
• Análise da sociedade

Estudo dos próprios alunos como fonte

• Objetivos educacionais refletem modificações no comportamento
• Carências ou necessidades a partir de um padrão
• Todas as crianças têm as mesmas necessidades
• A escola deve focar nas falhas do desenvolvimento

Estudo da vida fora da escola como fonte

• Significado contemporâneo de determinados conhecimentos
• Identificar aspectos essenciais da vida
• Os conhecimentos transmitidos têm que ser úteis

Conhecimento acumulado como fonte

•Lógica do conhecimento científico
•Papel determinante dos especialistas

Críticas à proposta tyleriana

•Partir das atividades contemporâneas não significa sua desejabilidade
• Culto ao “presentismo”
•Objetivos propostos são demasiado técnicos ou inadequados

Como formular objetivos

• Utilidade na escolha de experiências de aprendizagem
•Suscitar mudanças significativas no padrão de comportamento do aluno, indicando o conteúdo ou área da vida dessas mudanças

Calibragem dos objetivos

•Filosofia da escola
•Psicologia da aprendizagem

Experiências de aprendizagem

•Interação entre o aluno e as condições exteriores do ambiente a que ele pode reagir
•Situações em que seja possível praticar o conhecimento implicado pelo objetivo

Organização das experiências de aprendizagem

• Horizontais e verticais
• Continuidade
•Sequência
•Integração

Planejamento

• Determinar de comum acordo o esquema geral
• Decidir de comum acordo os princípios gerais
• Escolher de comum acordo a espécie de unidade
• Desenvolver planos flexíveis
• Planejar conjuntamente com os alunos

Avaliação

• Definição
• Fases preliminares e intermediárias
• Procedimento
• Avaliação por amostragem
• Comportamento e conteúdo
• Instrumento, pré-teste e aferição
• Registro

AULA  8 - A contribuição das teorias críticas à elaboração de currículos

Objetivo

•Identificar as instâncias que influenciam as políticas curriculares

Contexto (Anos 1980)

• Crescente democratização da escola
•Fracasso escolar
• Utilidade e validade do conteúdo para osalunos pobres
•Econômico
•Social
•Político

Consequências para a educação

•Florescimento da literatura pedagógica crítica
• Ressurgimento dos movimentos em prol da educação popular
• Desvalorização dos modelos educacionais associados ao regime militar
• A ênfase passa a ser o conhecimento relacionado com a cultura dos estudantes

Tendência curricular crítica

• Criada no contexto nacional com ausência de autores estadunidenses
•Fortalecimento da escola pública como forma de ascensão social
•Valorização dos conteúdos curriculares
• Critica a escola nova e o tecnicismo
•Questiona a sociedade de classes

Principais críticas à tendência crítica

• Desconsideração da cultura popular
•Postura acrítica em relação à construção do conhecimento
•Fortalecimento do ensino disciplinar,supervalorizando o saber dominante
• Conhecimento entendido como real e acabado
• Desconsidera a metodologia e avaliação

AULA  9 -  A contribuição das teorias críticas à elaboração de currículos

Objetivo
•Identificar as instâncias que influenciam as políticas curriculares

Educação popular

•Valorização da cultura popular
• Construção dialética do conhecimento
• Resistência e enfrentamento à cultura dominante
•Valoriza as necessidades e exigências da vida social
•Preocupa-se com a metodologia, avaliação e conteúdo

Principais críticas à educação popular

• Inviável de ser implantada
• Privilegia espaços não formais de conhecimento
• Conteúdo científico é esquecido e negado às classes populares
• Realça excessivamente os diálogos em sala de aula
• Preocupa-se com a criação de um novo conhecimento em detrimento do existente
• Desconsidera possibilidades emancipatórias da escola

AULA 10 - A contribuição de teorias pós-críticas à elaboração de currículos

Objetivo

•Identificar as instâncias que influenciam as políticas curriculares

Contexto
•Globalização
•Multicultural
•Democrático
•Desigual

Crise da Modernidade

•Volatilidade nas relações sociais
• Revolução nas comunicações
• Abalo nas relações com o tempo e o espaço
• Abolição de fronteiras tradicionais
• Consumo e produção em massa
• Necessidade de aprender por toda a vida
• Não mais a vigilância, mas o controle

Pós-modernismo

•Questionamento das metanarrativas
• Conhecimento científico como discurso
• “Equiparação” de todas as formas de conhecimento
•Todo conhecimento é cultural
•Impossibilidade da emancipação

Pós-estruturalismo

•Linguagem, saber e poder
•Virada linguística
•Questionamento da consciência
•Reconceptualização da teoria curricular
•Currículo, prática de significação e representação

Pós-colonialismo

•Hibridismo cultural
•Expansão de gêneros impuros
•Não há reprodução, apenas produção
•Controle versus impossibilidade
•Negociação cultural


AULA 11 - A contribuição de teorias pós-críticas à elaboração de currículos

Objetivo
 •Identificar as instâncias que influenciam as políticas curriculares
Pós-modernismo

•Questionamento das metanarrativas
• Conhecimento científico como discurso
• “Equiparação” de todas as formas de conhecimento

Pós-estruturalismo

•Linguagem
•Virada linguística
•Questionamento da consciência
•Currículo, prática de significação e representação

Estudos Culturais
• Centralidade da cultura
•Virada cultural
• Regulação da/através da cultura
• A cultura como terreno de luta política

Multiculturalismo

• Multiculturalismo (liberal, essencialista de esquerda e crítico)
•O lugar do conhecimento
•O currículo deve favorecer o reconhecimento das diferenças

AULA 12 - O currículo comum, o currículo integrado e o currículo a favor das diferenças

Objetivo

• Analisar as concepções de currículo comum,sensível às diferenças e currículo integrado

Currículo comum

•Centrado no conhecimento acadêmico
•Inspirado nos princípios de Ralph Tyler

Críticas ao currículo comum

• A disciplina é produto de uma construção social e política
• As disciplinas são introduzidas com base em argumentos de utilidade social
• Estabelecem uma tradição acadêmica
• Constituem identidades de professor e aluno
• Não deixam de ser tecnologias de regulação social

Currículo integrado

• Integração por competências
• Integração de conceitos das disciplinas
• Integração com referência nas demandas sociais

Currículo a favor das diferenças

• Busca inspiração nas teorias pós-críticas
• Reconhece o patrimônio cultural da comunidade
• Promove a justiça curricular
• Evita o daltonismo cultural
• Ancora socialmente os conhecimentos

AULA 13 - A influência das políticas curriculares no Projeto Pedagógico e na sala de aula

Objetivo

•Identificar a influência das políticas curriculares no projeto pedagógico e na sala de aula

Conceitos

•Planejamento
•Plano de ensino
•Projeto Político-pedagógico

Planejamento

•Origens do planejamento
•Planejar como ação humana
• A função do planejamento
•Planejamento e currículo

Projeto Político-pedagógico

• Concretiza as aspirações da instituição
•É o currículo propriamente dito
•Precisa ser coletivo
•É elaborado, avaliado e reelaborado

AULA 14  - Revisão

Objetivo

• Retomar os principais conteúdos abordados ao longo da disciplina

Teorias curriculares

•Tradicionais – seleção e organização dos conhecimentos (Tayler, Bobbit e Dewey)     ( objetivo, experiência de aprendizagem e forma de avaliação)
• Críticas – currículo como forma de controle social (conhecimentos só ao grupo social) (transformação da sociedade)
•Pós-críticas – currículo como texto ( conhecimentos que vão para o currículo mostra quem somos e quem precisamos ser) ( conscientização, libertação, mudança social precisa da escola mais não acontecerá somente com a escola. A escola vai trabalhar na formação das pessoal)

Teorias curriculares tradicionais

• John Dewey (
• John Franklin Bobbitt
• Ralph Tyler
• Pedagogia tradicional
• Escolanovismo ( aprender a prender, resolução de problemas)
• Tecnicismo educacional (progressão do aluno se assimilação 50%)

Teorias curriculares críticas

• Paulo Freire
• Dermeval Saviani
• José Carlos Libâneo
• Educação Popular
• Pedagogia crítico-social ou histórico-crítica

Teorias curriculares pós-críticas

•Pós-estruturalismo ( mudança de visão com a relação de significado e significante, realidade como uma produção lingüística)
•Estudos Culturais ( cultura como centro)
•Multiculturalismo( conjunto de conhecimentos que no ajudam a pensar na intervenção de maneira a valorizar, legitimar e fazer representar os vários modos, grupos sociais e várias formas de entender a realidade)

Currículos

•Currículo comum ( normalmente baseado com conhecimentos que todos precisam ter)
•Currículo integrado ( interdisciplinar e pautado em demandas sócias)
•Currículo a favor das diferenças ( forma de intervenção política na sociedade)




LIBRAS

LIBRAS

AULA  1 - História da Educação de Surdos:Na Europa e nos EUA
LIBRAS
Objetivo geral:
•Familiarizar os alunos com a história, a língua, a cultura e a educação de pessoas surdas.
Conteúdo:
• História da educação de surdos
•Filosofias da educação de surdos
•Visões sobre a surdez
• Mitos sobre as línguas de sinais
• A linguística das línguas de sinais

Antiguidade Greco-romana  (4000a.C. - 476d.C.)

“(...) os surdos não eram seres humanos competentes.” (p.16)
Sem audição – sem fala – sem linguagem – sem pensamento
Aristóteles (384-322 a.C):
- Linguagem → condição humana
- Surdos → não-humanos

Antiguidade Greco-Romana
(4000a.C. - 476d.C.)

Romanos:

Surdos eram privados de seus direitos legais e confundidos com retardados mentais
- Não podiam fazer testamentos
- Precisavam de um curador

Idade Média (476 - 1453)
Igreja católica:

- Até o século XII, surdos não podiam se casar

- Almas de surdos não eram imortais porque não podiam falar os sacramentos

Idade Moderna (1453 - 1789)

Pedro Ponce de León (1520 – 1584):

-Primeiro professor de surdos (filhos de nobres)

- Motivação → direito à herança

-Êxito no ensino da fala, leitura, escrita e até de filosofia

-Base para outros educadores de Surdos


Juan Pablo Bonet (1579 – 1629):

-Apropria-se do método de León

- 1620: obra sobre a arte de ensinar surdos a falar (alfabeto manual,escrita, língua de sinais e manipulação dos órgãos fonoarticulatórios)

Método de Bonet se tornou referencia para outros educadores:
Pereire (países de língua latina)

Amman (países de língua alemã)

Wallis (nas ilhas britânicas)

-Foco → oralidade, mas uso dos sinais e alfabeto manual

-Pereire e Wallis → abandono da oralização

Idade Moderna (1453 - 1789)

Charles-Michel de l’Epée (1712 -1789): (fundador)

-Instituto Nacional para Surdos-Mudos de Paris (1760)

-Primeiro a reconhecer que os surdos têm uma língua.

-Oralização deixa de ser o foco

-Criação e uso dos sinais metódicos

-Época áurea da educação de surdos

Idade Contemporânea (1789 – 1900)

Thomas Gallaudet (1787 - 1851):

-Viajou para a Europa (1816) → método

-Realizou estágio no Instituto Nacional para Surdos-Mudos de Paris

Laurent Clerc (1785 – 1869):

-Retornou com Gallaudet para os EUA

-Primeira escola de surdos dos EUA
Hartford School (Connecticut):

- Fundada em 1817

- LSF, sinais metódicos adaptados para o inglês, alfabeto manual francês, sinais dos alunos surdos norte-americanos → ASL

Gallaudet University:

-Fundada em 1864 por Edward Gallaudet

-Educação de surdos até 1880 → foco: oralização / sinais: apoio (método combinado)

Congresso de Milão (1880):

-Reuniu educadores de surdos de diferentes países (apenas um surdo)

- Método oral puro (fala → finalidade da educação)

-Professores surdos e a língua de sinais (afastamento, exclusão)

Atas do Congresso de Milão

“Dada a superioridade incontestável da fala sobre os Sinais para reintegrar os surdos-mudos na vida social e para dar-lhes maior facilidade de linguagem,... (Este congresso) declara que o método de articulação deve ter preferência sobre o de Sinais na instrução e educação dos surdos-mudos.
O método oral puro deve ser preferido porque o uso simultâneo de Sinais e fala tem a desvantagem de prejudicar a fala, a leitura orofacial e a precisão de ideias”
AULA 2 - História da Educação de Surdos:No Brasil

Fundação do INES

-Dom Pedro II e Padre Huet (surdo)→ fundação do Instituto Imperial de Surdos-Mudos em 1857

-INES → internato por mais de um século

-Estudantes de várias partes do país

-Sinais em uso + LSF + sinais metódicos = libras

-LS nacional → (1) retorno dos alunos surdos e (2) formação de professores

Educação de Surdos no Brasil

-INES → alunos surdos (RJ)

-Instituto Santa Terezinha → alunas surdas (SP) (1929)

Política educacional:

- Método francês

-Cong. de Milão (1880) → oral. pragmático

-Berenz (2003) → anos 1990: oralismo

Primórdios do Movimento Surdo

Cidade do Rio de Janeiro:

- UFRJ → Lucinda Ferreira Brito (anos 1980)

-FENEIS → fundada em 1987

- Marcha “Surdos Venceremos” (Set/1994)

→ Reconhecimento oficial da libras

→ Direito à educação em libras

→ Provimento de intérpretes

 Libras

-Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002

-Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005

→ Reconhecimento oficial da libras

→ Garantia de acessibilidade e difusão

→ Formação do professor de libras

→ Formação do tradutor-intérprete de libras / língua portuguesa

2006

-Licenciatura em libras (EaD) Universidade Federal de Santa Catarina

- 500 vagas

- 9 polos

2008

-EaD

- 900 vagas

(Licenciatura e bacharelado)

- 16 polos

Libras

Lei no 10.436/2002 e o Decreto no 5.626/2005:

- Direito à educação bilíngue

Mas...

-Política educacional vigente →Inclusão

CONAE 2010

-Elaboração do PNE

-De 28 de março a 1o de abril de 2010

Campello e Rezende (2014):

-Retrocesso na educação de surdos

→ Das 11 propostas da comunidade surda, apenas 3 foram aceitas

→ Escolas de surdos: segregacionistas

Fechamento do INES

-Diretora de Políticas Públicas e Educação Especial anunciou em 2011 no próprio INES:

→ O fechamento da escola até o final daquele ano

→ O remanejamento dos alunos para as escolas comuns

Setembro Azul 2011

- Mobilização em todo o país

- 26 de setembro: Dia Nacional do Surdo

-Objetivo:

→ Fincar as lutas e emendas específicas sobre a educação dos surdos no Plano Nacional de Educação em tramitação no Congresso Nacional

Vitória na Câmara dos Deputados

- 28 de maio de 2012

-Inclusão da escola e classe bilíngues, além da escola inclusiva

Campello e Rezende (2014: 88)

“Enfim, estamos construindo a nossa política da verdade: as escolas bilíngues de surdos não são segregadas, não são segregadoras e nem segregacionistas como tem alardeado tanto o Ministério da Educação.
Pelo contrário, são espaços de construção do conhecimento para o cumprimento do papel social de tornar os alunos cidadãos verdadeiros, conhecedores e cumpridores dos seus deveres e defensores dos seus direitos, o que, em síntese, leva à verdadeira inclusão”

AULA 3 - Filosofias na Educação de Surdos: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo

Visão de filósofos sobre os surdos

Aristóteles (IV a.C):
- Aprendizagem → audição (cego mais facilmente educáveis do que surdos)
Kant (século XVIII):
-Sinais → incapazes de expressar generalidades
Schopenhauer (século XIX):
- Raciocínio depende da linguagem oral

Segunda metade do Séc. XVIII

Método francês de l’Epée (Paris)
- Sistema artificial de sinais (sinais metódicos)
Método alemão de Heinicke (Hamburgo e Leipzig)
- Ênfase na oralização

Congresso de Milão (1880)

Oralismo:
- Educação de surdos → oralização
- Professores surdos → expulsos
-Comunidade surda → excluída da política das instituições de ensino
- Língua de sinais → proibida

Consequências:
-Queda no nível educacional de estudantes surdos
-Poucos conseguem desenvolver a fala
-Inglaterra (1979):
-Surdos (15-16 anos): 25% fala inteligível
-Leitura e escrita: 30% analfabetos / 10% nível satisfatório / leitura labial ↓
Desenvolvimentos tecnológicos: - Aquém do desenvolvimento normal da Linguagem

Comunicação Total
Advoga o uso de todos os meios que possam facilitar a comunicação:
-Língua falada
-Sinais
-Sistemas artificiais (códigos manuais)

Códigos manuais:

-Tornar a língua falada mais discernível ao surdo (melhor desempenho leitura e escrita)
-Semelhantes aos sinais metódicos de l’Epée
-Seeing Essential English (SEE-1), Seeing
Exact English (SEE-2), inglês sinalizado,português sinalizado

Comunicação Total

-Comunicação entre surdos e ouvintes ↑
-Leitura e escrita → insatisfatórias
-Pesquisas (Copenhague nos anos 70) →resultados desconcertantes
-Perspectiva do aluno → amostra linguística incompleta e inconsistente


Bilinguismo
Avanços na linguística
-Língua de sinais → língua de instrução
-Língua de sinais e língua oral: lado a lado
Objetivos:
-Foco → habilidades na L1(sinais) e L2 (oral escrita)
- Exclusão da oralização como meta
-Pesquisas (Copenhague nos anos 70) →resultados desconcertantes
-Perspectiva do aluno → amostra linguística incompleta e inconsistente
Suécia:
-Primeiro país a reconhecer os surdos como minoria linguística e a assegurar o direito de sua educação em língua falada e de sinais

Dinamarca:

-Pesquisa com 9 crianças surdas (6-14 anos) sob a filosofia do bilinguismo
-Análise de seu desenvolvimento na L1 e L2
Resultados:

-Aos 12 anos, 5 das 9 crianças com nível de leitura = crianças ouvintes
-Aos 14 anos, 7 das 9 conseguiam ler com certa fluência

-Grande expansão de vocabulário →↑ leitura labial
Resultados:
-Progresso geral: habilidades sociais,cognitivas e acadêmicas
-Sucesso do programa → visão dos pais sobre a surdez de seus filhos

AULA  4 - Filosofias na Educação de Surdos:Educação Bilíngue para Surdos frente à Educação Inclusiva no Brasil
Movimento Político Surdo

Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002:
-Libras → meio legal de comunicação e expressão
-Inclusão da disciplina de libras →licenciaturas e fonoaudiologia
-Libras → não substitui a língua portuguesa em sua modalidade escrita Movimento Político Surdo

Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005:
-Surdos → experiência visual e expressão cultural através da libras
-Obrigatoriedade de intérpretes em todas as instituições de ensino Movimento Político Surdo

-Educação bilíngue (Ed. Infantil e Fund. I) → professor bilíngue
-Escola inclusiva (Fund. II em diante)
→ professores cientes das diferenças linguísticas dos surdos e intérpretes
Educação Inclusiva

Lodi (2013):

-Política Nacional de Educação (PNE)
→ Inclusão educacional: matrícula de alunos, independente de suas
diferenças, no sistema regular
→ Reorganização estrutural e cultural para garantir condições igualitárias de aprendizagem
-Política Nacional de Educação Especial (ainda abrange os surdos)
→ Segue o PNE
→ Opõe-se: (1) à educação especial como paralela à regular e (2) a currículos simplificados e facilitadores
→ Defende: currículo comum que contemple diversidades e necessidades

Lacerda (2006):
- 5a série de escola privada (interior de SP)
- 29 ouvintes e 1 surdo (10-12 anos)
-Aluno surdo → surdez profunda bilateral, pais ouvintes, libras
- 2 intérpretes (pagas pela família)
- 8 professores especialistas
Entrevistas:
- Duração → 1h30min
- 2 professores (português e história)
- 2 alunos
-Aluno surdo → terceira intérprete
- 2 intérpretes
Professores:
-Desinformação geral sobre a surdez e suas peculiaridades
-Ausência de planejamento de ações coordenadas que levem em conta a presença do intérprete
Alunos ouvintes:
-Falam de um ambiente ‘feliz’ em que o aluno surdo é bem acolhido
-Revelam que acham a libras difícil e que esperam que seu colega aprenda a falar
Aluno surdo:
-Não se relaciona diretamente com os professores
-Tem apenas um interlocutor efetivo no espaço escolar
-Sempre acompanhado de um adulto Intérpretes:
-Falta de um trabalho de equipe
-Falta de um entendimento do que é ter um aluno surdo em sala de aula
→ Atividades sem sentido para o surdo
→ Responsabilização dos intérpretes pelo ensino-aprendizagem do aluno surdo

AULA  5 - Visões sobre a Surdez:Visão Clínica versus Visão Socioantropológica

Surdez
Causas:
- Idade
- Fatores genéticos (hereditária)
- Fatores ambientais (pré-natal e pós-natal)
- Infecções: meningite, otite, rubéola, sífilis...
- Toxinas: drogas ototóxicas usadas em caso de risco de vida (ex.: estreptomicina e derivados)
- Traumas

Perda Auditiva:

- Limiar auditivo
→ Menor intensidade sonora capaz de produzir a experiência auditiva de tons puros e da fala (dB)
→ Quanto maior a perda, maior o limiar.
- Leve (20-25 a 40 dB): fala levemente prejudicada
- Moderada (40-45 a 60-70 dB): atraso no desenvolvimento da fala / omissão de consoantes
- Severa (65-70 a 80-90 dB): rara/ des. a fala sem fono.
- Profunda (≥ 85-90 dB): lgem pobre e defeituosa

Aparelhos auditivos:

-Amplificam o som aumentando sua intensidade.
-Não são suficientes para perdas severas ou profundas
Surdo:
- Severa a profunda ou profunda

Aquisição da fala:
A surdez pode correr
→ Antes: pré-linguística
→ Durante: peri-linguística
→ Depois: pós-linguística

Visão Clínica da Surdez

-Foco → condição audiológica
-Surdez → deficiência / desvantagem
- Normalização
→ Tornar o surdo ouvinte ou
→ Compensar o déficit auditivo
- Treino (audição, fala e leitura labial)
- Próteses, implantes, cirurgias...
- Fala → única manifestação da linguagem
- Dependência entre eficiência oral e desenvolvimento cognitivo
- Surdo → definido pela falta / doente reabilitável
-Educação de surdos
→ reabilitação
→ Currículo escolar: audição e fala
→ Escola / clínica e aluno surdo / paciente

Mas qual será a visão dos surdos sobre a surdez?

Padden e Humphries (1988)
- Visão de surdez de uma criança surda
Visão Socioantropológica da Surdez

Skliar (2001):
“A comunidade surda se origina em uma atitude diferente frente ao déficit, já que não leva em consideração o grau de perda auditiva de seus membros”.

Visão Socioantropológica da Surdez
-Línguas de sinais → línguas naturais
-Surdo → definido pela diferença / minoria linguística
-Educação de surdos
→ desenvolvimento acadêmico
→ Escola de surdo = escola
→ Aluno surdo = aluno

AULA 6 - Visões sobre a Surdez: As Diferenças Linguísticas e Culturais da Comunidade Surda

Diferenças Linguísticas

Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002:
- Meio legal de comunicação e expressão
-Não substitui a língua portuguesa em sua modalidade escrita
 → Bilinguismo: libras (L1) e português (L2)

Diferenças Linguísticas
Português – Língua oro-auditiva
Libras – Língua gestual-visual
Diferenças Linguísticas
Português
-Lexicais: reflorestamento
-Morfológicas – nomes COM gênero e verbos COM tempo
-Sintáticas: SVO
Libras
-Lexicais: ‘PALAVRA-TROCAR’
-Morfológicas: nomes SEM gênero e verbos SEM tempo
-Sintáticas: mais livre
Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002:
- “adotar mecanismos de avaliação coerentes com aprendizado de segunda língua, na correção das provas escritas,valorizando o aspecto semântico e reconhecendo a singularidade lingüística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa”

Diferenças Culturais

Wlicox e Wilcox (2005:95):

“Cultura é a forma como uma pessoa faz sentido do mundo. São as idéias, conceitos, categorias, valores, crenças (...) que as pessoas utilizam “para orientá-las em um mundo que, sem isso, seria opaco” (...)”.


Basso (1979):

- Índios Apaches Ocidentais(Arizona)
- Piadas (caracterizações dos brancos)
Basso (1979)

[Na casa de J, sua esposa, K, está lavando os pratos. J está falando com K. Ele começa a dizer algo mas é interrompido por U ma batida na porta. Ele levanta-se, atende ao chamado e encontra L esperando do lado de fora].
J: Olá meu amigo! Como vai? Como tá passando? Tudo em cima?
[J agora se volta para a direção de K e se dirige a ela].
J: Olhem quem chegou, pessoal! Olhem quem acabou de chegar. É meu bom amigo índio, L, certo? Muito bom, é isso aí!(...)
K: Indaá dogoyááda! (“Os homens brancos são estúpidos!”)

Wilcox e Wilcox (2005)

Qual é a fonte da graça?
- “Olá meu amigo!”
- “Como vai? Como tá passando?”
- “Olhem quem chegou, pessoal!”
-O nome pessoal
O que isso nos revela sobre os homens brancos?
NADA
-Valores dos apaches

Wilcox e Wilcox (2005)

Como os ouvintes são caracterizados?
- Olhos:
Pálidos e fracos
- Faces:
Congeladas
- Boca:
Move-se sem parar
- Toque:
Medo de tocar

O que isso nos diz a respeito dos ouvintes?
NADA
Os ouvintes usam seus olhos, faces, bocas e o toque de forma apropriada para os padrões ouvintes.

Valores Surdos:
-Expressões faciais
→ Além das informações sobre o estado psicológico das pessoas, elas também transmitem informações linguísticas!
→ Desempenham funções gramaticais: tipos de frases


AULA 7 - Mitos sobre as línguas de sinais: Parte 1

Mitos

1) Língua ou Linguagem de Sinais?
2) A Língua de Sinais é Universal?
3) As Línguas de Sinais Foram Inventadas pelos Ouvintes?
4) A Libras é Derivada do Português?
5) As Línguas de Sinais se Resumem a Gestos, Mímicas e Pantomimas?

1) Língua ou Linguagem de Sinais?

Linguagem = forma de comunicação
- Comunicação animal, arte (dança, pintura, etc), matemática e língua → linguagens!

POSSÍVEL FONTE:

- Pensa-se erroneamente que as línguas de sinais não são línguas

2) A Língua de Sinais é Universal?
NÃO!!!
- Ethnologue → 138 diferentes línguas de sinais
- Brasil → libras e língua de sinais Urubu-Kaapor (MA)
- Língua de Sinais Internacional
POSSÍVEL FONTE:
- Língua de sinais = gesto, linguagem corporal,etc.

3) As Línguas de Sinais Foram Inventadas pelos Ouvintes?

NÃO!!!
-Língua de sinais nicaraguense
POSSÍVEL FONTE:
-Sistemas artificiais de sinalização
-Alfabeto manual

4) A Libras é Derivada do Português?

NÃO!!!
A libras não é uma representação gestual do português, pois ela contém estruturas e
processos que o português não possui!
- Nível lexical → inexistência de correspondência sinal – palavra
- Nível morfológico → gênero
- Nível morfossintático → concordância nominal
A libras tem história própria!
- Originária da Língua de Sinais Francesa (LSF)
POSSÍVEL FONTE:
Influência do português na libras

5) As Línguas de Sinais se Resumem a Gestos, Mímicas e Pantomimas?

NÃO!!!
- Conversação entre surdos não é transparente para pessoas que não sabem libras
POSSÍVEIS FONTES:
- Os surdos fazem uso de formas mímicas e pantomímicas em meio à sinalização
- Muitos gestos de ouvintes são incorporados à língua de sinais

AULA  8 - Mitos sobre as línguas de sinais: parte 2

Mitos

6) As Línguas de Sinais São TotalmenteIcônicas?
7) As Línguas de Sinais Têm a Mesma Capacidade Expressiva que as Línguas Orais ?
8) As Línguas de Sinais são Mais Conceituais que as Línguas Orais?
9) As Crianças Aprendem Línguas de Orais e Línguas de Sinais de Forma Semelhante?

6) As Línguas de Sinais São Totalmente Icônicas?
Iconicidade:
NÃO!!!
POSSÍVEL FONTE:
- Grande parte dos sinais apresenta alguma motivação
Klima e Bellugi (1979):
- Iconicidade pode se perder com o passar do tempo

7) As Línguas de Sinais Têm a Mesma Capacidade Expressiva que as Línguas Orais?

SIM!!!
- Português → ‘reflorestamento’ (plantar árvore outra vez)
POSSÍVEL FONTE:
- Línguas de sinais não são línguas, portanto são sistemas rudimentares de comunicação, incapazes de desempenhar o mesmo papel que a língua falada.
- Não há sinais para vários conceitos expressos por palavras já bem estabelecidas em boa parte das línguas orais.

8) As Línguas de Sinais são Mais Conceituais que as Línguas Orais?

- Não faz muito sentido falar que uma língua é mais ou menos conceitual que outra
- As línguas variam em como agrupam seus conceitos

8) As Línguas de Sinais são Mais Conceituais que as Línguas Orais?
Sinais Monomorfêmicos
Sinais Plurimorfêmicos

9) As Crianças Aprendem Línguas de Orais e Línguas de Sinais de Forma Semelhante?

SIM!!!
- Balbucio (6 meses)
- Estágio de um sinal (1 ano): MÃE, PAI...
- Estágio de dois sinais (antes dos 2 anos):(QUERER LEITE)
- Estágio de combinações mais complexas (aos 2 anos e meio): E.x.: negação.
- Domínio da gramática básica (5 anos) (o processo continua)
-Também são observados erros no processo de desenvolvimento linguístico (troca de configuração de mão)
-Vídeo: criança surda, filha de pais surdos; 2 anos (Língua de sinais britânica)


AULA 9 - A linguística das Línguas de Sinais I:Propriedades das Línguas Naturais
O que é linguística?

A linguística é o estudo científico das línguas humanas
- Métodos científicos (observação, descrição e explicação)
- Visão objetiva das línguas

O que é língua?

“Línguas são sistemas complexos de comunicação com vocabulário constituído de símbolos convencionais e regras gramaticais que são compartilhadas pelos membros de uma comunidade. As línguas também se caracterizam por serem passadas de geração para geração, por mudarem com o passar do tempo e por serem usadas para a troca de uma enorme gama de ideias, emoções e intenções”.
(BAKER; COCKLEY, 1980)

- Variação: espaço, grupos sociais, situação.

Propriedades das línguas naturais

Hockett (1960):
- Arbitrariedade dos símbolos
- Gramaticalidade
- Discritude e dupla articulação
- Transmissão cultural
- Intercambiabilidade e reflexividade
- Deslocamento
- Criatividade

Deslocamento

Referência a pessoas, tempos e espaços que não apenas aqueles presentes no momento da fala.


AULA  10 - A linguística das Línguas de Sinais I:Unidades Formativas dos Sinais

Stokoe (1960)

1960: “Sign Language Structure”

ASL: mesmos princípios estruturais que as línguas orais

Línguas orais
1. palavras – formadas por unidades menores
P AT O 
- unidades sonoras: vogais e consoantes
Línguas de sinais
1. sinais – formados por unidades menores
- unidades gestuais – visuais
- Configuração de mão
- Localização
- Movimento

Línguas orais
2. Unidades formativas das palavras – finitas
- Português: 7 vogais orais e 16 consoantes
Línguas de sinais
2. Unidades formativas dos sinais – finitas


Línguas orais
3. Unidades formativas das palavras – recorrentes
Azul, caso, rosa, amálgama
Línguas de sinais
3. Unidades formativas dos sinais - recorrentes


Línguas orais
4.Unidades formativas das palavras – variação sem mudança de significado
- Lá VS Lã – distintivo
- Banana – não distintivo

Línguas de sinais
4. Unidades formativas das palavras- variação sem mudança de significado
- amarelo (1) VS grátis (b) – distintivo
- também (1) ou (2) – não distintivo


Línguas orais
Unidades formativas das palavras – sequencialmente
 P  A  T  O
A  P  T  O
T  A  P  O
Línguas de sinais

- Unidades formativas dos sinais – simultaneamente

AULA  11 - A linguística das Línguas de Sinais II:Processos de Formação e Modificação de Sinais

Processos de formação de palavras
Português -  cama , acamado, sofá-cama
Processos de formação
Derivação
Afixação – dês-fazer
Sufixação – blogu –eiro
Prefixação e sufixação – a-cama-do
Composição
Justaposição – sofá-cama , guarda-chuva
Aglutinação – pernilongo, etimologia – embora

Processos de formação de sinais

Derivação em libras:
-Alteração na forma de uma ou mais unidades formativas dos sinais
-Composição
Alteração na forma de uma ou mais unidades formativas dos sinais:
Casa – vizinho – favela
Árvore – floresta
Escola –casa+ estudar

Processos de formação de sinais

Diniz (2010):
- ÁGUA

Flexão de palavras

Português

Singular                          Plural
Eu amo                           nós amamos
Tu amas                         vós amais
Ele ama                          eles amam

Processos de modificação de sinais

Incorporação:
- Numeral
- Negação
- Localização
- Sinais locativos
- Verbos direcionais (indicadores)
- Formato (objeto)
Intensidade

Incorporação de numeral:

- Tempo → hora, duração em horas, dia, semana,mês, ano
- Pessoas do discurso
- Ordem, série escolar, vez
- Dinheiro (Reais)

AULA  12 -A linguística das Línguas de Sinais II:Expressões Faciais e Estrutura das Frases

Estrutura das frases nas línguas orais
Português
SVO:
Ele (S) comeu (V)
pizza (O) ontem.
Japonês
SOV:
Kinou kare-ga (S)
pizza-wo (O) tabeta (V).

Estrutura das frases nas línguas de sinais

Ordem de palavras na ASL:
-Friedman (1976): essencialmente aleatória
-Frishberg (1975): basicamente SVO, mas com bastante flexibilidade em relação à ordem de Sujeitos e Objetos
Liddell (1978):
- A ordem das palavras da ASL também muito variável
ASL: O cachorro perseguiu o gato

(1) CÃO PERSEGUIR GAT@
      sujeito verbo objeto

(2) GAT@ CÃO PERSEGUIR
       objeto sujeito verbo

(3) PERSEGUIR GAT@ PRO
      verbo objeto sujeito
Estrutura das frases nas línguas de sinais

Metodologia de coleta de dados:
- Apenas os sinais manuais eram registrados
- Não se sabia que expressões faciais e corporais tinham algum valor linguístico, sobretudo para a estrutura das frases
- Achava-se que os surdos eram apenas mais expressivos

Orações relativas em ASL:

- O cão que perseguiu o gato recentemente voltou para casa.

Recentemente   cão   perseguiu   gato   vir   casa

Estrutura das frases na libras

Quadros (1999):

- A ordem do sujeito e objeto está relacionada ao tipo de verbo
→ Verbos direcionais (AJUDAR)
→ Verbos não direcionais (GOSTAR)

Verbos direcionais
-Sentenças que os contêm apresentam ordem mais variável:
→ S V O
→ S O V

Verbos não direcionais
-Sentenças que os contêm apresentam ordem mais fixa:

→ S V O
→ *S O V

AULA 13 - A linguística das Línguas de Sinais III:As Línguas de Sinais no Contexto Social

A população surda, a comunidade surda e usuários de línguas de sinais

- Uso da língua de sinais: uma das características definidoras das comunidades surdas

- Comunidade surda ≈ minorias étnicas em países de imigração

- Usuários de língua de sinais ≠ comunidade surda ≠ D.A.s(deficientes auditivas)

A língua de sinais e a comunidade surda

- Na Austrália, a auslan é a primeira língua (ou a língua preferida) da maioria dos surdos com surdez severa ou profunda de nascença ou adquirida na primeira infância.
- A auslan é a língua nativa de uma minoria de surdos sinalizantes (tradicionalmente estimada entre 5% - 10 % da comunidade surda).
- Maioria dos adultos: a auslan é adquirida tardiamente como primeira língua em algum momento durante os anos escolares, ou como segunda língua na vida adulta.
- Comunidades surdas ≠ outras minorias lingüísticas
-As línguas de sinais são as línguas das comunidades surdas
→ Não são idênticas à língua falada da comunidade ouvinte majoritária
→ Não são idênticas às línguas de sinais usadas por outras comunidades surdas
- Contato com a língua majoritária:inevitável!
- Consequência: Nem toda sinalização é uma manifestação da língua de sinais!(existem vários tipos de sinalização influenciados pela língua oral majoritária)

A língua da comunidade surda

I. Sistemas artificiais
II. Alfabeto manual
III. Sistemas de sinalização natural
→ Sinalizando em português
→ Língua de sinais de contato


Bilinguismo e diglossia

“O bilinguismo é uma característica que a comunidade surda compartilha com muitas outras sociedades do mundo – na verdade, é possível que a maioria da população mundial seja bilíngue”.
- Diferente status da língua de sinais em relação à língua oral majoritária: diglossia
- Diglossia: termo usado para referir-se a comunidades que usam duas formas distintas da mesma língua às quais são atribuídos papéis diferentes na comunidade.
- Existe também bilinguismo diglóssico (Paraguai).

Variação sociolinguística na comunidade surda

- Sotaque: variação na pronúncia e/ou na prosódia
- Dialeto: variação na pronúncia e/ou no vocabulário e/ou na gramática
- Variação no vocabulário:
→ Região
→ Escola
→ Idade
→ Religião
→ Gênero
→ Exposição à língua de sinais
→ Contato com outras línguas de sinais

AULA  14 – REVISÃO

História da educação de surdos na Europa e nos EUA

-Antiguidade Greco-romana (língua oral era superior por isso os surdos tinham que aprender a falar)
-Idade Média (surgiram os primeiros educadores de surdos, mas também com o objetivo de ensinarem os surdos a falarem)
-Idade Moderna ( congresso de Milão)
-Idade Contemporânea ( comunicação total e bilingüismo)

História da educação de surdos no Brasil

-Fundação do INES em 1857 ( educador surdo Pe )
-Primórdios do Movimento Político Surdo
-Lei no 10.436/2002 e o Decreto no 5.626/2005 (reconhecimento oficial da Libras)
-CONAE 2010
-Ameaça de fechamento do INES 2011
-Setembro Azul 2011 e vitória (PNE)

Filosofias da Educação de Surdos

- Métodos de educação de surdos na segunda metade do século XVIII
-Oralismo (puro)
-Comunicação Total
-Bilinguismo

Bilinguismo e Inclusão Educacional no Brasil

-Conquistas do movimento político surdo: Lei 10.436/2002 e o Decreto 5.626/2005
-Educação Inclusiva (rede regular de ensino)
-Educação Especial na perspectiva inclusiva

Visões sobre a Surdez

Visão clínica:
-Causas da surdez, grau da perda auditiva, aquisição da fala
- Foco na condição audiológica → visão dos surdos como deficientes

Visão socioantropológica:

- Foco na diferença linguística, cultural e identitária

Diferenças linguísticas e culturais da comunidade surda

- Diferenças Linguísticas:
- Modalidades diferentes
-Sistemas linguísticos regidos por princípios diferentes (gramática própria)
-Diferenças Culturais:
-Valores surdos (cultura própria)

Mitos sobre as Línguas de Sinais

- Língua de Sinais e NÃO Linguagem de Sinais!
- A Língua de Sinais NÃO é Universal!
- As Línguas de Sinais NÃO Foram Inventadas pelos Ouvintes!
- A Libras NÃO é Derivada do Português!
- As Línguas de Sinais NÃO se Resumem a Gestos, Mímicas e Pantomimas!
- As Línguas de Sinais NÃO São Totalmente Icônicas!
- As Línguas de Sinais Têm SIM a Mesma Capacidade Expressiva que as Línguas Orais!
- As Línguas de Sinais são TÃO Conceituais QUANTO as Línguas Orais!
- As Crianças Aprendem SIM Línguas de Orais e Línguas de Sinais de Forma Semelhante!

Propriedades das Línguas Naturais

- Arbitrariedade dos símbolos
- Gramaticalidade
- Discritude e dupla articulação
- Transmissão cultural
- Intercambiabilidade e reflexividade
- Deslocamento
- Criatividade

Unidades formativas dos sinais

- Finitas
- Distintivas
- Recorrentes
-Podem variar sem alterar o significado
-São produzidas simultaneamente

Processos de criação e modificação de sinais

Formação de sinais:
- Alteração de unidade(s) formativa(s) / Composição
Modificação de sinais:
- Incorporação:
- Numeral
- Negação
- Localização
- Formato (objeto, instrumento...)
- Intensidade

Expressões Faciais e Estrutura das Frases

-Função gramatical das expressões faciais
-Tipos de frases
-Estrutura das frases
-Verbos direcionais
-Verbos não direcionais

As Línguas de Sinais no Contexto Social

-A população surda, a comunidade surda e usuários de línguas de sinais
-A língua da comunidade surda
-Bilinguismo diglóssico

-Variação sociolinguística na comunidade surda